Lugares de Teresina que mudaram bastante

24/7/2016

Da mesma forma que outras capitais brasileiras, Teresina apresentou ao longo do tempo um ritmo acentuado de mudanças (Nem sempre positivas). Isso se refletiu na paisagem urbana e com o passar dos anos fica difícil reconhecer cada local do passado. A seguir, uma seleção de imagens de lugares da capital piauiense que atualmente mudaram tanto que até é impossível acreditar que um dia foram assim.

1. Alameda Parnaíba (1976)  

Alameda Parnaíba no trecho do Morro da Esperança.
(1976 / O Dia / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

O trecho da imagem é a Alameda Parnaíba, via da Zona Norte muito movimentada que dá acesso à Ponte Estaiada e à Avenida Dom Severino na Zona Leste. Em 1976, porém, esta ainda era uma região bastante degradada com casebres de palha e saneamento básico quase zero (Vários moradores banhavam e faziam suas necessidades fisiológicas no próprio Rio Poti). Fica localizada em lugar conhecido anteriormente como Morro do Urubu (Era depósito de lixo e atraía muitos urubus) que foi modificado para Morro da Esperança, uma reivindicação dos moradores à Prefeitura uma vez que o nome antigo era considerado pejorativo. Por se tratar de um lugar com ladeiras, era comum também a prática de tiro por militares da Vila Militar (Marquês). Chama a atenção na imagem a edificação mais alta que é uma das caixas d’água da Agespisa, embora em formato diferente do que se vê hoje em dia. Provavelmente foi alterada sua estrutura. Mesmo tendo uma caixa d’água no bairro os moradores passavam vários dias sem água.

2. Avenida Presidente Kennedy (sem data definida)  

Avenida Presidente Kennedy.
(s/d / Acervo Maloca Arquitetura / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

Quem poderia imaginar que essa via é a Avenida Presidente Kennedy? A única edificação presente na fotografia, e que também é o único elemento que ainda hoje pode ser visto dessa época, é a Maloca Arquitetura, responsável pela construção de prédios da capital como o Palácio do Comércio e o Edifício das Repartições Fazendárias. O restante da paisagem é preenchido por babaçus, postes de energia elétrica e estacas com a divisão dos lotes de terra. Incrível notar que era por essa estrada carroçável que se deslocavam os teresinenses para a cidade de União. A imagem não mostra, mas um pouco abaixo estava a região do balão do São Cristóvão, ponto de referência dos motoristas que decidiam ir ou para União ou pegar a Theresina-Altos (Atual BR 343) considerada até a década de 1950 uma das melhores estradas de rodagem de todo o Piauí.

3. Avenida Presidente Kennedy (sem data definida)  

Avenida Presidente Kennedy.
(s/d / Acervo Maloca Arquitetura / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

Aqui a mesma avenida só que anos depois da primeira imagem. Já se percebe alguma diferença como a presença de várias casas no que parece ser o Conjunto Maloca tendo recebido esse nome por ter nascido ao redor da edificação que o construiu: a Maloca Arquitetura. Por essa fotografia se percebe claramente que a divisão de lotes da Zona Leste foi irregular o que explica a razão das quadras e ruas dessa parte da cidade não obedecer o traçado planejado da planta do português João Isidoro França. Cortando o pequeno conjunto habitacional já se verifica a futura rua Professor Clemente Fortes e, bem ao lado esquerdo da Presidente Kennedy, cortando a paisagem não urbanizada, a futura Avenida Miguel Sady. Ambas as avenidas só receberam oficialmente esses nomes em 1976 e talvez essa imagem seja mesmo dos anos 1970.

4. Cemitério São José (Década de 1930 ou 40)  

Primeira etapa de construção do muro do Cemitério São José.
(s/d / Arquivo Público do Piauí / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

Até mais ou menos a década de 1930 ou 1940 o Cemitério São José não era totalmente murado. Pela sua natureza, durante a construção de Teresina já era previsto a sua fixação em local afastado da cidade. Teve boa parte de suas obras concluídas em 1854 faltando apenas a capela (Entregue em 1859) e outros detalhes. O temor de uma epidemia de cólera fez a Intendência Municipal se apropriar de terreno ao lado do Cemitério aumentando a sua extensão. Consta que o muro e o antigo portão de madeira foram mal assentados e necessitavam de reparos constantes. Não se sabe ao certo, mas é provável que na imagem esteja sendo construído o muro da extensão do Cemitério (A legenda original diz que essa é a “primeira etapa da construção do muro”). Verifica-se ainda na fotografia várias casas ao fundo talvez dos bairros Matinha ou Vila Operária.

5. Calçadão da Simplício Mendes (1938)  

Rua Simplício Mendes sendo calçada.
(1938 / Casa da Cultura / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

Se não fosse pela legenda e pela Igreja de Nossa Senhora das Dores no fundo da imagem, ficaria muito difícil saber que se trata da Rua Simplício Mendes, mais especificamente no trecho conhecido como Calçadão da Simplício Mendes. Esse ponto desde mais ou menos a década de 1970 estava repleto de áreas comerciais de um lado e do outro sendo um dos mais antigos a Casa Dôta. Os comércios dessa parte da cidade modificaram consideravelmente a arquitetura das casas o que tornou a área hoje quase irreconhecível. Na fotografia acima, de 1938, época em que o prefeito Lindolfo Monteiro estava calçando várias ruas de Teresina com a intenção de diminuir a poeira e mudar um pouco a cara da cidade, vê-se muitas casas com o aspecto da primeira década do século XX ou até do século XIX, algumas com portas e janelas com arcos ogivais. Todas foram praticamente destruídas ou descaracterizadas.

6. Teresina (1934)  

Vista áerea da cidade de Teresina.
(1934 / O Malho / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: Capitão Manoel Oliveira)

Aqui aparece uma vista aérea de Teresina datada de 1934. A região fotografada é a do Centro. Logo de cara se percebe a predominância daquilo que seriam as áreas verdes provenientes das copas das árvores (Daí a denominação antiga de “Cidade Verde” atribuída ao escritor maranhense Coelho Neto) e que as edificações mais altas da cidade nessa época eram as Igrejas do Amparo (Sem as torres pontiagudas que foram inseridas só mais tarde no Centenário, em 1952) e São Benedito. A Praça Marechal Deodoro não possuía grades e nitidamente pode se ver os pequenos caminhos dentro dela que vão dar de encontro à Coluna do Saraiva. Essa imagem é impressionante, pois é uma das poucas que se aproximam muito do aspecto da velha Teresina Imperial imaginada por Saraiva e sua comitiva. Prova disso é que todos os prédios do século XIX no sítio histórico da Bandeira estão presentes na foto incluindo os demolidos Fórum (Hoje Luxor Hotel) e Secretaria de Fazenda (Edifício das Repartições Fazendárias). É uma mostra que ainda na década de 1930 pouco da cidade tinha sido modificado.

7. Troca-Troca (1973)  

Troca-Troca.
(1973 / Columbia Color Slides / Acervo de Paulo Gutemberg / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: n/d)

O pessoal com menos de 40 anos talvez não lembre, mas o Troca-Troca em seus primeiros tempos não possuía a estrutura de abóbadas. Esta foi inserida só em 1985 pela Prefeitura Municipal, gestão do prefeito Freitas Neto, para proteger da chuva e do sol os que lá estavam e todas as mercadorias. Antes a feira era ao ar livre, debaixo de uma figueira ainda hoje existente como se pode ver na imagem. A Ponte Metálica ao fundo não deixa dúvidas de que todos ali estão na beira do Rio Parnaíba.

8. UFPI/Campus da Ininga (1980)  

Universidade Federal do Piauí – Campus da Ininga.
(1980 / Acervo digital Teresina Antiga / Foto por: Guilherme Muller)

De todas as imagens apresentadas aqui essa talvez seja a mais reconhecível. Primeiro, por causa das construções originais da Universidade Federal do Piauí (UFPI) como o CCN e demais repartições técnicas. E, por fim, devido à caixa d’água – em formato de taça – do campus da Ininga, concluída em 1980 pela Construtora Mafrense possuindo 22 metros de altura e visando, obviamente, o abastecimento de água da região universitária. Embora familiar a muitos, o entorno é, entretanto, totalmente diferente. Para começar, a ausência do Hospital Universitário, inaugurado só décadas mais tarde depois de sucessivas paralisações nas obras. Nessa época nota-se claramente que ainda não haviam o CCE e o CCHL. Apenas areial branco, vegetação rasteira e palmeiras (Babaçus e carnaúbas). E por falar em vegetação, é por causa dela que o campus se tornou durante um bom tempo isolado sendo comum reclamações de toda ordem desde falta d’água até dificuldade de locomoção em razão da escassa frota de ônibus. Essa região fazia parte da antiga fazenda Ininga, propriedade desde 1949 da família Fortes (Dona de uma fábrica de cerâmica de mesmo nome) vendida a preço de banana ao Governo do Estado em 1973 e doada pelo mesmo para construir a universidade.