18/7/2020 - Atualização: 25/9/2023

O início: campeão e recordista

Nascido em Teresina, em 10 de janeiro de 1959, Joaquim Rui Ferreira Lima, ou simplesmente Rui Lima, foi um dos grandes atletas que já passaram pelos gramados do nosso futebol. Entretanto, seus primeiros anos não foram na capital piauiense, mas sim na cidade de Caxias, no estado do Maranhão, local onde morou junto com os pais e outros três irmãos.

Participou em nossa cidade de várias peladas após retornar, em 1963, para residir em uma casa do Centro. Partidas na grama da Praça Landri Sales, na quadra do Liceu Piauiense (Colégio Estadual Zacarias de Góis), campos de várzea como o do Bariri (Zona Norte) e até nas coroas do rio Parnaíba.

Foi assim que atuou também em equipes amadoras da capital como Candelária e Kosmos, e até em algumas outras da cidade vizinha de Timon, no Maranhão. Mas se destacou mesmo em duas: no Paraibinha, em 1973 (Equipe do Armazém Paraíba pertencente ao empresário João Claudino), e no Colorado (Equipe do desportista Ivaldo Fontenele), de 1975 a 1976, tendo participado do então Campeonato Suburbano sendo campeão em duas oportunidades.

Ficou notável ainda por dois feitos: (1) sua atuação nos Jogos Estudantis no Complexo do Pirajá (Zona Norte) pela antiga Escola Técnica Federal do Piauí tendo sido em um único dia campeão de handebol e voleibol (Manhã), e futsal e atletismo 800m (Tarde); (2) e recordista em gols marcados em uma única partida de handebol nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) realizados em Curitiba, em 1978. A marca só foi superada depois de nove anos (Nota 1).

Profissionalismo: craque indisciplinado

Rui foi descoberto quando jogava pelo time amador do Colorado. Despertou a atenção do Piauí Esporte Clube e logo assinou contrato com o rubro-anil teresinense. Sua estreia foi em 6 de março de 1977 na partida River 3 x 2 Piauí pelo Campeonato Piauiense. Mesmo com sua equipe sendo derrotada, marcou no jogo seu primeiro gol como profissional aos 22 minutos do segundo tempo.

Embora o Campeonato de 1977 tenha sido dominado pelas equipes do River e do Flamengo, o jovem foi a sensação ao lado do cearense Cacá. Terminou na vice-artilharia com 17 gols (Sima foi o artilheiro com 33 gols assinalados).

Quando o estadual encerrou, em setembro de 1977, foi emprestado ao Flamengo para a disputa do Campeonato Brasileiro (Na época chamado de 3ª Copa Brasil) a se iniciar em outubro. Sua estreia foi na derrota contra o Ceará, no Albertão, em 23 de outubro, entrando no lugar do jogador Cordeiro. Marcou apenas um gol pelo rubro-negro teresinense (No clássico contra o River), que não foi bem no Nacional terminando na lanterna do grupo C.

Retorna ao Piauí Esporte Clube no ano seguinte para as disputas dos torneios estaduais formando uma grande equipe com Cacá, Maninho, Washington e o goleiro Teodoro sob comando do técnico Alberino de Paula. A dupla que fez com Cacá garantiu várias vitórias ao Piauí. Juntos marcaram 80 gols sendo considerados perigosos aos adversários. Mas faltou o título. A bola bateu na trave com o vice-campeonato no estadual de 1978.

Pela qualidade que apresentaram foram contratados pela Portuguesa de Desportos, em julho de 1979, antes de findar o Campeonato Piauiense. A iniciativa aconteceu quando João Avelino Gomes, treinador da Lusa do Canindé, estava de passagem por Teresina e, buscando por novos jogadores, resolve trazer ele e Cacá para o clube paulistano. Estreou em 15 de agosto com boa atuação na vitória da Portuguesa diante do Guarani em pleno Brinco de Ouro da Princesa (Campinas), partida válida pelo Campeonato Paulista. Pelo tempo que ficou na equipe, marcou e deu passes a gols importantes.

Apesar de suas boas jogadas, não rendeu o esperado e consta que era bastante indisciplinado o que acabou com a paciência do técnico João Avelino Gomes. Em 1980, seu passe foi transferido junto ao Marília Atlético Clube (Conhecido pela sigla MAC) do interior paulista.

Ídolo no Marília, por lá permaneceu – outra vez junto com Cacá – até o início de 1982. Seu primeiro jogo pelo novo clube aconteceu em 14 de maio de 1980, na derrota de 1 a 0 para a Ferroviária (Campeonato Paulista), e o primeiro gol foi na rodada seguinte contra o Botafogo de Ribeirão Preto aos 25 minutos do segundo tempo.

Apesar da habilidade e gols, outra vez muitas queixas em relação ao fato de que Rui ia direto para noitadas (Era aficionado por festas) e por várias vezes faltava aos treinos, indisciplinas que, ao que tudo indica, também aconteceram na Portuguesa. O técnico Neuri Cordeiro, do MAC, contou certa vez que o meia teresinense lhe dava muito trabalho, era boêmio e não gostava de treinar. Por esse motivo não o escalou em um jogo contra o Comercial de Ribeirão Preto (Nota 2).

Acidente trágico no Piauí

A última partida com a camisa do Marília foi no dia 7 de fevereiro de 1982, no empate de 1 a 1 diante do Novorizontino, amistoso realizado em Novo Horizonte. Seu passe foi para o Juventus da capital paulista e atuou pela equipe em apenas um amistoso.

Com as proximidades do feriado da Semana Santa, Rui Lima viaja a Teresina para rever família e amigos. Na quinta, dia 8 de abril, decide ir ao litoral piauiense em companhia de um de seus irmãos – que conduzia um Volkswagen Gol – e mais alguma outra pessoa (Nota 3). Às 6 horas da manhã do dia 9 de abril, na curva bastante conhecida da BR-343 chamada de Volta da Jurema (Nota 4), um dos pneus dianteiros estoura e o veículo perde o controle e capota. Rui Lima é o mais atingido (Fraturou costelas e perfurou a virilha) tendo perdido muito sangue. Foi socorrido pelo primeiro ônibus que passou em direção a Parnaíba, local que veio a falecer às 11 horas (Causa da morte: hemorragia interna e politraumatismo).

Seu corpo foi velado em Teresina, na Avenida Dom Severino, número 1013, bairro de Fátima (Zona Leste), diante de amigos, familiares e desportistas. Foi sepultado no Cemitério São José, às 17 horas, no dia 10 de abril de 1982. No dia seguinte, antes do jogo Corinthians x Grêmio, pelas semifinais do Campeonato Brasileiro, ocorreu minuto de silêncio em sua homenagem (Nota 5).

Em Teresina, também foi homenageado. Durante o ano de 1982, uma rua no conjunto Acarape passa a levar o seu nome (Decreto Municipal 384), assim como um ginásio poliesportivo no conjunto Bela Vista I. E o prêmio de jogador destaque do Campeonato Piauiense de Futebol leva a nomenclatura de Troféu Rui Lima desde 1986.