Escola Municipal Eurípedes Aguiar (1965-2015)
7/6/2015
Quase um ano depois do movimento de 1964, a Agência Nacional registrou em vídeo do seu Cinejornal Informativo a presença do presidente militar Humberto de Alencar Castello Branco (1897-1967) em Teresina. Na ocasião, inaugurou na Zona Norte da cidade (Bairro Marquês) o Ginásio Municipal Eurípedes Aguiar, em 26 de maio, na presença do governador Petrônio Portella e de populares bastante curiosos.
Frames de vídeo da inauguração do antigo Ginásio Municipal Eurípedes Aguiar.
(1965 / Agência Nacional – Arquivo Nacional – Casa Civil – Presidência da República / Acervo digital Teresina Antiga)
Além da escola mencionada, aparecem nas cenas em movimento o Centro Social Leão XIII e a Igreja de São José Operário (Ambos no bairro Vila Operária), a região da Avenida Antonino Freire com a Igreja São Benedito, e o Palácio de Karnak em destaque. O vídeo revela ainda uma Teresina provinciana: vida aparentemente pacata (Interrompida apenas pela visita presidencial), ruas sem asfalto, espaço urbano quase sem prédios de dois ou mais pavimentos etc.
Castello Branco seguiu, posteriormente, ao sul do Piauí para acompanhar os trabalhos de construção da Barragem de Boa Esperança (Após sua trágica morte, em acidente aéreo, a barragem ganhou oficialmente seu nome). Os teresinenses aguardavam ansiosamente pela inauguração dela uma vez que o fornecimento de energia elétrica era precário – vinha de uma usina que funcionava à lenha e a óleo diesel e se situava mais ou menos onde hoje fica a sede da Cepisa/Eletrobrás -, e não propiciava o desenvolvimento industrial e a vida noturna da cidade.
Vídeo da visita do Presidente Castello Branco a Teresina.
(1965 / Agência Nacional – Arquivo Nacional – Casa Civil – Presidência da República / Acervo digital Teresina Antiga)
Embora inaugurada em 1965, a atual Escola Municipal Eurípedes Aguiar teve sua construção iniciada quatro anos antes, na gestão municipal de Petrônio Portella (1959 a 1963). Com o movimento de 1964, foi empossado no cargo de governador – biônico, assim eram chamados esses políticos não eleitos pelo voto popular – devido à confiança que os militares tinham nele.
O nome da escola é uma clara homenagem a Eurípedes Clementino de Aguiar (1880-1953). Além de governador (De 1916 a 1920), deputado, senador e secretário geral pelo estado do Piauí, foi também jornalista, médico e chefe de polícia. Morou por muito tempo em um casarão da Avenida Antonino Freire, que posteriormente passou para as mãos de sua filha Genú Moraes até a morte desta. A inauguração da escola contou com a presença dela e do irmão Milton, e da viúva Gracy Aguiar.
Presidente Castello Branco (Sendo entrevistado pelo radialista Rodrigues Filho) e o governador Petrônio Portella (De óculos e terno escuros)
durante a inauguração do antigo Ginásio Municipal Eurípedes Aguiar.
(1965 / Acervo particular de Kenard Kruel / Acervo digital Teresina Antiga)
Cinquenta anos separam as duas imagens – as do vídeo sessentista e a de 2015. Muros, fiação elétrica e postes atuais contrastam com a multidão e com diversos carros antigos no cinejornal. Dentro de uma das salas de aula, o vídeo mostra as antigas e incômodas carteiras de madeira que são muito diferentes – muito mesmo! – das recentes carteiras feitas de material plástico e acompanhadas de mesa para guardar livros e cadernos dos alunos.
Chama a atenção na imagem atual a dificuldade de se ver a fachada da edificação escolar. Embora seja excelente a existência de tantas árvores, elas terminam por impedir sua visualização. Só foi possível descobrir que era a escola no vídeo de 1965 pelo elevado de concreto onde há uma mureta com grades de ferro na cor azul e pelas pequenas janelas em formato retangular com divisórias no meio. Tudo presente ainda hoje. Ajudaram muito também as informações de sua inauguração e a presença do presidente Castello Branco.
Escola Municipal Eurípedes Aguiar
(Abril de 2015 / Acervo digital Teresina Antiga)
Em 2012, correu o risco de ser fechada. A Prefeitura Municipal queria cortar gastos com o aluguel e demais despesas com a sede da SEMEC na rua Areolino de Abreu. Pretendia que no estabelecimento escolar funcionasse a dita secretaria. A comunidade, profissionais da educação e alunos pressionaram e a Prefeitura desistiu de encerrar as atividades de uma das mais antigas e tradicionais escolas de Teresina.